No início da nova semana, o ouro atinge um novo recorde histórico em meio à intensificação das tensões geopolíticas, que continuam a direcionar investidores para ativos de refúgio. No momento da redação, o metal é negociado cerca de US$ 4.437 por onça, superando o recorde anterior de US$ 4.381.

O metal precioso caminha para registrar seu melhor desempenho anual desde 1979, acumulando alta de quase 68% até agora. Esse movimento é sustentado pela postura dovish da Reserva Federal, pela fraqueza do dólar americano, pelos fluxos recordes para ETFs lastreados em ouro e pelas compras recorrentes de bancos centrais.

No curto prazo, o mercado segue precificando um afrouxamento adicional da política monetária nos Estados Unidos, à medida que indicadores apontam para desaceleração das pressões inflacionárias e fragilidade no mercado de trabalho. Juros mais baixos, em geral, favorecem ativos que não oferecem rendimento, como o ouro.

A geopolítica permanece no centro das atenções e amplia a aversão ao risco. No Oriente Médio, as tensões entre Irã e Israel voltaram a se intensificar. Há especulações de que Teerã possa utilizar grandes exercícios militares como cobertura para possíveis ações ofensivas. Autoridades israelenses alertaram ainda para a possibilidade de o Irã estar restaurando instalações-chave de enriquecimento de urânio atingidas pelos Estados Unidos em junho. Nesse contexto, espera-se que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, informe o presidente dos EUA, Donald Trump, sobre eventuais opções para novos ataques ao programa de mísseis iraniano.

As relações entre os Estados Unidos e a Venezuela também se deterioraram. Forças norte-americanas interceptaram e perseguiram mais um petroleiro próximo às águas venezuelanas, após a apreensão de dois navios na semana passada e a ordem de Trump para impor um bloqueio a petroleiros venezuelanos sancionados.

Enquanto isso, as negociações de paz para o conflito na Ucrânia, conduzidas sob liderança dos EUA em Miami, apresentaram resultados mistos. Representantes dos EUA, da Europa, da Ucrânia e da Rússia participaram das conversas. Steve Witkoff descreveu o encontro como produtivo, destacando avanços na elaboração de um plano de paz em 20 pontos e em garantias de segurança para a Ucrânia. Ainda assim, não houve progresso decisivo, já que Moscou mantém suas exigências territoriais.

No campo da política monetária, os mercados continuam a projetar duas reduções de juros do Fed em 2026, embora as autoridades do banco central sigam divididas quanto à necessidade de novos cortes. Em entrevista ao The Wall Street Journal, a presidente do Fed de Cleveland, Beth Hammack, afirmou que não vê necessidade de novos ajustes nos próximos meses, citando a persistência da inflação, e indicou que as taxas atuais podem permanecer inalteradas até a primavera.

Do ponto de vista técnico, o ouro segue renovando máximas históricas. No entanto, o Índice de Força Relativa (RSI) encontra-se em território de sobrecompra, embora ainda aponte para cima, sinalizando forte impulso de alta. Essa condição sugere que um período de consolidação pode ocorrer no curto prazo. Em caso de correção, espera-se que o metal encontre suporte próximo de US$ 4.380, antigo recorde histórico.