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16.05.2025 08:23 PM
USD: Fraqueza Visível, Força Escondida — O Jogo Continua

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Uma nova fase começa no mercado cambial, em que fundamentos econômicos e estratégias geopolíticas passam a moldar a taxa de câmbio do dólar americano. A administração dos EUA está, de forma sutil, considerando a ideia de um dólar mais fraco — ainda que de maneira não oficial. Publicamente, ninguém admite nada. Nos bastidores, porém, cada gesto é interpretado como uma pista.

Segundo a Bloomberg, que cita fontes dentro da Casa Branca, toda a autoridade sobre política cambial está concentrada nas mãos do secretário do Tesouro, Scott Bessent. Ele é o único autorizado a discutir questões cambiais com parceiros internacionais, o que o posiciona como figura-chave em um cenário delicado. Embora afirme publicamente que não há intenção de enfraquecer o dólar, na prática, ele parece conduzir a política nessa direção.

Esse tipo de dualidade é clássico. Um anúncio explícito de desvalorização derrubaria os mercados, mas criar um ambiente no qual o dólar "naturalmente" perca valor é uma estratégia muito mais sutil e eficaz. A política comercial dos EUA, nos últimos meses, tem seguido justamente essa lógica.

E o mercado já percebeu isso. A queda do yuan, o recuo do dólar taiwanês e sinais discretos vindos das mesas de negociação na Suíça são peças de um quebra-cabeça no qual um dólar mais fraco se transforma em moeda de troca para concessões comerciais dos parceiros. Embora autoridades insistam que o tema cambial não esteja na pauta, fontes internas do Citibank sugerem o contrário: todos estão, sim, preocupados com o câmbio — mesmo que fora da agenda oficial.

No entanto, esse jogo de silêncio tem seu preço. Se o mercado passar a acreditar que os EUA estão, de fato, buscando desvalorizar o dólar deliberadamente, os investidores poderão abandonar apostas de longo prazo em sua valorização.

Com a confiança em declínio, o capital tende a fugir. E, com o número crescente de investidores estrangeiros deixando de manter proteções cambiais atreladas ao dólar, até mesmo pequenos sinais políticos podem desencadear fortes ondas de venda.

É por isso que analistas do Société Générale afirmam que Trump tem, objetivamente, interesse em um dólar mais barato — algo que se alinha à sua estratégia de reestruturar o comércio global e utilizar a moeda como instrumento de pressão econômica.

Quanto mais os EUA usam o dólar como arma política, menos atrativo ele se torna como ativo de reserva.

Em resumo, a fraqueza do dólar não é coincidência — é resultado de uma mudança deliberada na política econômica dos EUA. Nas próximas semanas, os traders estarão especialmente atentos a cada declaração de Scott Bessent e a qualquer sinal do Federal Reserve. Até mesmo uma leve insinuação poderá desencadear uma nova onda de desvalorização.

Opinião: O dólar retorna aos fundamentos - a liquidação pode ser um falso começo

Nem todos acreditam na fraqueza do dólar. Segundo analistas do Lombard Odier, a recente onda de vendas do dólar norte-americano e de ativos dos EUA não representa um colapso, mas sim uma correção saudável de mercado, que abre novas oportunidades táticas.

Michael Strobaek, diretor de investimentos globais do banco privado suíço, destaca que os rendimentos dos títulos dos EUA continuam entre os mais atraentes do mundo e que o dólar já retornou a uma faixa de valor justo em relação a moedas importantes como o euro, o iene e o franco suíço.

O pico nos rendimentos após a chamada "venda de liberação" criou condições favoráveis para posições compradas de curto prazo. O dólar, que caiu quase 6% desde o início do ano, começou a se estabilizar e, segundo o Lombard Odier, já não está sobrevalorizado. Isso sugere que o movimento de "venda da América" pode não marcar o início de uma tendência de longo prazo, mas sim uma reação emocional, rápida e — como agora se percebe — temporária ao choque tarifário.

O banco afirma que, se as tensões comerciais continuarem a diminuir, como parece estar ocorrendo com China e Reino Unido, o dólar voltará a ser sustentado por fatores clássicos — diferenciais de juros, níveis de rendimento real e surpresas econômicas.

Esse retorno aos fundamentos pode se tornar o próximo tema dominante no mercado. Superado o tumulto inicial, os modelos de avaliação — e não as manchetes políticas — devem voltar a ganhar protagonismo. Isso significa que o dólar ainda não disse sua última palavra — especialmente se o Federal Reserve não se apressar em cortar juros e se os investidores globais continuarem em busca de rendimento.

Assim, a visão do Lombard Odier serve como um lembrete para não subestimar o dólar: embora esteja sob pressão no momento, ele ainda carrega vantagens significativas no longo prazo.

Perspectiva de curto prazo para o dólar: Entre Powell e dados suaves

Na quinta-feira, o dólar se encontra no centro de sinais conflitantes: de um lado, a retórica hawkish de Jerome Powell; de outro, uma série de relatórios macroeconômicos fracos que alimentam as esperanças de flexibilização da política do Fed. Essa divergência aumenta a volatilidade e reflete um equilíbrio frágil na tendência de curto prazo do dólar.

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O que está acontecendo?

Na quinta-feira, Powell enviou ao mercado uma mensagem clara: não subestime os riscos da volatilidade futura da inflação. Ele enfatizou que o Fed continua focado em atingir sua meta de inflação de 2% e que não sacrificará a estabilidade de longo prazo em troca de alívio no curto prazo.

No entanto, esses comentários foram contrabalançados por novos dados sobre inflação e consumo. O Índice de Preços ao Produtor registrou a queda mais acentuada em cinco anos, enquanto as vendas no varejo ficaram abaixo do esperado.

Como resultado, os traders agora precificam dois cortes nas taxas até o final de 2025. Com essas notícias, o índice do dólar (DXY) caiu para 100,7, e o dólar sofreu perdas ainda maiores frente a várias moedas asiáticas.

Análise técnica do DXY

O índice do dólar está preso entre a pressão fundamental e os níveis técnicos. A recuperação de quarta-feira a partir do suporte em 100,22 foi um alívio temporário para os touros, mas o rompimento acima de 101,00 nunca se concretizou.

A resistência mais próxima está em 101,90, onde um padrão invertido de cabeça e ombros foi formado anteriormente. Um rompimento confirmado e um fechamento diário acima dessa área abririam caminho para 102,06 (próximo à SMA de 55 dias).

Caso a pressão de baixa seja retomada, o nível de 100,22 será testado novamente. Abaixo dele, encontram-se a mínima anual em 97,91 e o suporte técnico crítico em 97,73. Na pior das hipóteses, o mercado pode testar a faixa entre 95,25 e 94,56, que corresponde às mínimas de dois anos atrás.

Em conclusão, o dólar está em uma encruzilhada. Cada relatório macroeconômico é tratado como um teste decisivo e, enquanto os dados permanecerem mais suaves do que a retórica de Powell, o índice do dólar deve permanecer sob pressão. No curto prazo, o DXY está vulnerável, especialmente se houver uma nova confirmação da desinflação.

Natalya Andreeva,
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